Este trabalho teve inicio após alguns shows que fiz no Baretto, em São Paulo. Foram shows estimulantes, que revigoraram o meu desejo de compor e cantar. Então, ao me preparar para uma nova temporada, conclui algumas canções que viriam a ser os embriões desses primórdios.

Quando faço música, conto com três "Frentes" Teclados, guitarra e violão. O violão para as canções mais intimistas, tipo "que ainda Virão" e a gravação de "Dura na Queda".

Guitarra para as viscerais, toscas, "Entre as Coisas" e "Anna Bella" e Teclados para as mais conceituais que saem praticamente arranjadas como é o caso de "Três" e "Valeu" essas ferramentas me ajudam e muito na hora de compor.

Trabalhar com uma banda fechada também foi importante, conseguimos uma sonoridade que a muito procurava. Excelentes músicos, com fome de bola.

Por fim, quero agradecer as colaborações de Renato Alscher, que trouxe qualidade e suporte técnico imprescindíveis. Cícero nas belas parcerias, Naná e Diogo pelo apoio e proteção e Joana pela Inspiração.
ALGUMAS NOTAS SOBRE Lá nos primórdios

1.
Há duas palavras, dois conceitos, dois modos de fazer e estar, que definem Lá nos primórdios, de Marina Lima: intensidade e construção.

2.
Basta ouvir para reconhecer o vigor de tudo: melodias, arranjos, letras, canto. Todas as escolhas são apostas altas. Tudo tem força, vigor, ímpeto, nada soa leve, inerte, fraco, fácil. Mas esse quadro de energia e veemência não se confunde em nenhum momento com o excesso, o derramamento, a sobra. Tudo está matematicamente sob controle.

3.
A massa sonora de guitarras, bateria e sintetizadores nunca soa "desarrumada". Ao contrário, há ordem, discernimento, projeto. Do mesmo modo, a fusão de ritmos e linguagens passa ao largo da vozearia fácil do ecletismo ou da mera apropriação. Tudo está orientado, e, desse modo, a agitação não se confunde com o tumulto; a ambigüidade não se confunde com indefinição. Em Lá nos primórdios, a música está erguida no enfrentamento de muitos riscos.

4.
Para tanto, foi preciso muito mais que vontade e talento. Foi necessário, sobretudo, muito trabalho. O espetáculo Primórdios (2005 e 2006) funcionou como a parte visível do laboratório de Marina e seus músicos, o que, sem dúvida, fez com que este CD viesse à luz assim, maduro, justo. E, por isso, traz a mesma formação do show – Dudu Trentin (teclados), Fernando Vidal (guitarra), Edu Martins (baixo), Alex Fonseca (bateria) e Otávio Ferraz (vocais).

5.
Lá nos primórdios vem à luz assim, nítido, porque nasceu no escuro (como se diz de uma aposta alta que se faz sem garantias): num show com músicas novas e/ou desconhecidas, sem ser o prolongamento óbvio de um disco, sem o conforto de uma gravadora. Mas havia desejos, intenções, exercícios, planos, pontos de vista. Nada era gratuito. E o aplauso incondicional foi o sinal (o farol) necessário para que estas gravações alcançassem a beleza que lhes pertence, uma beleza perturbadora.

6.
Não por acaso, no CD, deparamo-nos com um jogo dramático de luz e sombra. Aparece em "Entre as coisas": "sim, entre as coisas que você me deu/ colocou luz/ nos escuros/ meus". Ou ainda, em "Valeu": "o nosso amor chegou pra recair/ na luz, no breu (...)", que aponta para a letra de "$ cara": "te amar é um claro assunto/ no breu". Lançando mão dessa última imagem, podemos dizer que todas as canções se definem pela capacidade de abordar assuntos essenciais, como se a música os iluminasse de modo firme, preciso, sobre um fundo escuro. E quanto a esses assuntos, ou temas, é ainda "$ cara" que nos diz: "me apaixonam questões ardentes".

7.
Amor, sexo, jogo, o tempo: "questões ardentes". Em Lá nos primórdios sobressaem os sentimentos intensos, radicais, distantes da fragilidade, sem qualquer condescendência com uma estética de emoções fáceis. Violência existencial, experimentação do corpo, dos afetos, disposição para os riscos: "jogar/ todas as fichas de uma vez/ sem temer naufragar". O jogo reaparece noutra canção, "Valeu", que fala de um amoroso "jogo de damas". "Ana Bella" propõe um "salto mortal/ vital, sobre a cidade, a burrice e o mal".

8.
Mas também é preciso observar que Lá nos primórdios não gira em torno de biografismos, nem se contenta com desenhar um retrato de dores e esperanças individuais. O mundo existe, existe o país, existe a história. Há sempre a lucidez e o desejo de saltar por cima do que é mesquinho e conformista. Sim, o foco deste CD vai além dos limites do individual: "a fonte é o o amor/ a arte e o Brasil".

9.
"Três", música de Marina com letra de Antonio Cicero, traduz perfeitamente o que seja o casamento da intensidade com a construção. A aposta radical na primeira face da moeda leva a uma espécie de loucura que deseja abarcar tudo: "Eu quero tudo o que há", ou ainda, "não quero ter que optar". Mas há, simultaneamente, uma lucidez que se deixa ver na numeração 1, 2, 3 que marca as seqüências de versos afirmativos. A matemática está também na construção musical da canção, erguida com exatidão entre o funk e o tango, este sugerido sobretudo pelas cordas dramáticas inventadas pelos teclados. O resultado é uma espécie de lógica irracional (um paradoxo, sim) que brilha na letra, na melodia, nos acordes, no arranjo, no canto, na junção inseparável de tudo.

10.
Lá nos primórdios. Construção e intensidade. Paradoxos. Complexidade, portanto. Ouvimos em "Anna Bella": "Nada é tão simples no mundo". E, não por acaso, Marina regrava uma canção – letra de Antonio Cicero – que se chama "Difícil".

11.
Manuel Bandeira diria (disse): "As almas são incomunicáveis./ Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo,/ porque os corpos se entendem, mas as almas não". Nas canções de Lá nos primódios, o romantismo não transige com a mera dor de cotovelo: "não há lugar pra lamúrias".

12.
Racionalidade e ordem? Sim, mas estas não resistem à força absoluta do amor e do desejo. E, assim, intensidade e imaginação atuam como formas de conhecimento.

Está claro: neste lugar possível-impossível, nesta utopia, já não se pode falar de um suposto amor movido pela facilidade e pelo lugar comum dos enredos sentimentais.

13.
Imaginação e lucidez: a letra de "Que ainda virão" prevê "terras mais firmes", mas afirma que mesmo lá haverá "sobressaltos" no seu coração. Vê-se aí uma lucidez que parece nascida de uma existência marcada pela experiência da solidão e do amor, sem pressa e sem transigência com a facilidade. O resultado é uma inversão sábia e ousada: já não há procura de caminhos, e, ao contrário, são eles que vêm ao encontro de quem soube inventá-los: "novos caminhos/ quem sabe logo virão/ me achar". Nessa canção, a guitarra (batizada por Marina de "guitarra wood") tem o som de um violão, a sua intimidade doce e grave, que aparece também nos acordes tão calculados quanto imprevisíveis. Como diz a própria Marina, o violão está na base das composições mais intimistas.

14.
"Vestidinho vermelho" (deliciosa versão de "Beatiful red dress", de Laurie Anderson) é um primor de auto-ironia, que na sua enganosa simplicidade fala de uma febre de "quinhentos graus". Se pudéssemos avaliar com termômetros uma canção, um conjunto de canções, uma obra, decerto constaríamos que é essa a temperatura de Lá nos primórdios. Nos primórdios, está o fogo.

Eucanaã Ferraz, julho, 2006.
# 13.01.06
# Estadão
# Marina Lima volta com Primórdios ao Ibirapuera

Considerado o melhor show de pop brasileiro de 2005, ela mostra versões peculiares para Bang Bang e Nervos de Aço, entre outras.

São Paulo - Quem ainda não viu, agora tem novas oportunidades de assistir ao melhor show de pop brasileiro de 2005, o sensacional Primórdios, de Marina Lima. Ela volta hoje ao mesmo Auditório Ibirapuera e fica até o próximo fim de semana. Nada mudou nos arranjos nem no roteiro (nem precisa, porque é irretocável), mas provavelmente o show está melhor do que na estréia em novembro. Isto já vinha ocorrendo na temporada inicial, com Marina cantando e atuando melhor a cada noite.

Sim, vale a pena ver mais de uma vez - como o fizeram vá rios fãs famosos, entre eles o DJ Zé Pedro, a atriz Adriana Esteves, o estilista Paulo Borges, a cantora Ana Carolina e o restaurateur Rogério Fasano, tornando o show um cult paulistano do pré-verão. Até para quem já conhece o final cinematográfico, não deixa de provocar um certo frisson. Com direção de Monique Gardenberg e engenhoso aparato cênico do arquiteto Isay Weinfeld, o show promove um diálogo entre várias artes: música, cinema, dança, teatro...

O início com Slide Show at Free University (do grupo Le Tigre) e o final com Para Um Amor no Recife (Paulinho da Viola) são arrebatadores. Além de quatro canções inéditas dela e Antonio Cícero, Marina mostra versões peculiares para Bang Bang (Sonny Bono), um dos momentos superlativos do show, Nervos de Aço (Lupicínio Rodrigues) e Beautiful Red Dress (Laurie Anderson). Pepitas menos evidentes de seu cancioneiro e uma banda coesa amarram o nó de sofisticação. Se acha que há exagero de elogios, que tal ir conferir?

Por Lauro Lisboa Garcia
# 24.06.05
# O Globo - Marina Anos 80
# Década na qual a nova compositora se impôs

No famoso especial da Globo "Mulher 80", dedicado àquela geração de cantoras (Elis, Clara, Gal, Simone, Joanna etc.), a jovenzíssima Marina, ainda sem o sobrenome Lima aposto ao nome, chamava a atenção: era pop, num contexto emepebista; e era compositora, num ambiente predominantemente de canárias. Foi, segundo ela, difícil se impor como autora:
— Foi difícil, na medida em que isso implicava também numa busca por outras sonoridades, outras frentes na música brasileira. E sendo mulher, a desconfiança dobrava. Agora, quando a gravadora Universal relança em CDs remasterizados os oito discos gravados por Marina nos anos 80, é possível reavaliar essa trajetória que representa a afirmação de uma cantora e compositora que não se conformava no rótulo MPB, tampouco cabia no oitentista BRock.

De "Olhos felizes" (1980) a "Próxima parada" (1989), o que se ouve é uma compositora pop que alia sólida estrutura musical (sobretudo harmônica) às letras do sofisticado irmão-poeta, Antônio Cícero. É uma década de canções da dupla que, como a década, começa pop e otimista ("Eu gosto de olhar o mundo...Meus olhos são felizes") e termina densa e introspectiva, constatando que "jamais foi tão escuro/No país do futuro e da televisão".

Corpo-a-Corpo: MARINA LIMA
Do pop à ‘vocação para o isolamento’

Estrela pop nos anos 80, Marina Lima diz que aos poucos o computador lhe abriu caminho para novas sonoridades eletrônicas e reforçou ‘sua vocação para o isolamento, para a depuração’. Por ele, o computador, ela conversou com o GLOBO sobre seus velhos discos.

O Globo: Pela variedade rítmica, inventividade melódica e riquezas harmônica e poética, "Olhos felizes", "Desta vida desta arte" e, principalmente, "Certos acordes" encaixam-se numa tradição de MPB, renovando-a. Qual a sua opinião, hoje, sobre esses discos?

MARINA LIMA: Bem, gosto dos três. Há ótimas canções ali, e eles já se diferenciavam sonoramente do resto que rolava no país. Agora "Olhos felizes" pode soar padronizado: todas as faixas foram arranjadas por uma mesma pessoa, Lincoln Olivetti, e isso meio que "chapou" um pouco as canções. "Certos acordes" foi o meu esforço de quebrar com isso. Assumir, junto com os músicos, a moldura das minhas canções. E "Desta vida, desta arte" segue esse trajeto.

O Globo: Com "Fullgás" você estoura definitivamente, trata-se, talvez, de seu disco mais pop. Ao mesmo tempo começa a trabalhar mais seriamente com eletrônica, que marcaria seu trabalho dali para frente. Qual a importância desse trabalho na sua vida?

MARINA LIMA: Uma importância grande. Eu estava mais segura musicalmente, e formamos um bom time, Cícero, João Augusto, Lobão, Liminha, os músicos, Marcinha Alvarez. A facilidade da bateria eletrônica, os timbres novos, tudo isso me fascinou. Aquele disco abriu um canal.

O Globo: Esse período de sua carreira é marcado pela dupla Marina/Antonio Cícero. Como avalia essa parceria e o que a levou a procurar outros parceiros?

MARINA LIMA: Compor com o Cícero me deu sustentação. Quem pode negar o valor daquelas letras, a beleza de algumas canções? Quando compomos juntos, tenho mais chances de fazer uma grande canção. Mas chega uma hora em que um vôo mais arriscado terá que ser feito sozinho. Então parti para outras praias. Mas nossa parceria é sempre, somos mesmo irmãos.

O Globo: Nos anos 90, você enveredou por um caminho talvez mais sofisticado, cerebral e eletrônico, em contraposição ao período mais pop dos anos 80. Você concorda com essa leitura? Por que escolheu este caminho?

MARINA LIMA: Posso concordar. Por que o caminho? Me pareceu o mais atraente. Havia um mundo de timbres e sonoridades a serem exploradas, ainda há. E com a informática, todos nós passamos a ter uma vocação maior para o isolamento, para a depuração também. Os computadores alimentam isso. É natural que eu buscasse isso na música.

Por Hugo Sukman
Textos Marcelo Fróes
Março, 2005

Certos Acordes

Como Marina havia se decepcionado com a produção de seu LP "Olhos Felizes", o produtor e diretor artístico Mazola ofereceu uma forma diferente de realizar este próximo trabalho – "Certos Acordes". Acompanhada do guitarrista Pisca e do pianista Paulo Machado, Marina ensaiou e fez sua pré-produção no apartamento em que morava com os pais no Jardim de Alah, zona sul do Rio.

"Eu pude realmente preparar os arranjos e este disco foi aclamado pela crítica", lembra a cantora – que naquele momento começava a ter uma assinatura musical e a arrebanhar público. Avenida Brasil havia sido gravada com Lincoln Olivetti para o compacto lançado por ocasião do festival MPB-81 – do qual Marina participou sem muito entusiasmo.

Charme do Mundo e Gata Todo Dia tocaram bastante, numa época em que Marina viajou o Brasil inteiro divulgando seu trabalho junto às emissoras de rádio.


Desta Vida

O trabalho de Marina com o guitarrista Pisca em "Certos Acordes" (81) havia sido vencedor, criando uma assinatura musical importante para o desenvolvimento da carreira da cantora. Marina resolveu então convidá-lo para fazer consigo a direção musical do trabalho, de tal maneira que Pisca – segundo Marina – acabou funcionando como um verdadeiro produtor do disco. Naquele quarto LP, o terceiro (e último) pela Ariola, Marina trouxe boas novas canções e sobressaiu a parceria com Tavinho Paes na faixa de abertura, Acho que Dá. O ex-baterista do Vímana e da Blitz, Lobão, que vinha tocando com Marina desde a turnê de "Certos Acordes", acabou trazendo para o repertório Noite e Dia - parceria com Júlio Barroso (Gang 90). Destaque também para Nos Beijamos Demais, da trilha do filme "Beijo na Boca", e para a surpreendente gravação de Emoções (Roberto e Erasmo), que Marina adorava cantar e que encerrou o LP.

"Com esse disco, eu comecei a perceber que eu precisava me afastar de Mazola", historia Marina. "Ele foi meu santo protetor nos quatro primeiros discos e eu sentia que eu precisava me arriscar um pouco... sem o Mazola. Eu achava que ele não precisava mais me proteger, então eu quis ir pra PolyGram. Ele queria continuar ligado à minha carreira, mas eu quis me desligar da Ariola."


Fullgás

Depois de três discos seguidos pela Ariola, hoje pertencentes ao catálogo da Universal Music, em 1983 Marina decidiu desligar-se da gravadora para buscar novos horizontes longe de seu protetor Mazola. Chegou a cogitar uma ida para a EMI-Odeon, quando conversou com Mariozinho Rocha, mas acabou assinando com a PolyGram e entrando em estúdio para gravar um novo álbum. Depois de três discos seguidos pela Ariola, hoje pertencentes ao catálogo da Universal Music, em 1983 Marina decidiu desligar-se da gravadora para buscar novos horizontes longe de seu protetor Mazola. Chegou a cogitar uma ida para a EMI-Odeon, quando conversou com Mariozinho Rocha, mas acabou assinando com a PolyGram e entrando em estúdio para gravar um novo álbum.

Interessada em arranjos com bateria eletrônica, Marina encontrou no produtor João Augusto o parceiro para a busca de uma nova sonoridade. Inicialmente Marina gravou algumas demos de Fullgás, já com bateria eletrônica – inspirada ao mesmo tempo em Alan Parsons Project e em Michael Jackson. "Tudo me interessava, aquele era o mundo que eu queria mexer", lembra a cantora. "João Augusto me entendeu, curtiu a idéia e me ajudou a organizar o time." Lobão tocou bateria em Me Chama, de sua autoria, e nomes como Liminha, Lulu Santos e Nico Rezende também participaram. Mesmo que Seja Eu (Erasmo & Roberto) já vinha sendo tocada por Marina na turnê de "Desta Vida, Desta Arte", desde que a ouvira no rádio. Como a inesperada versão surpreendeu e agradou bastante às platéias, Marina resolveu gravar a música em "Fullgás".

Como Nelson Motta havia escrito um artigo elogiando bastante "Certos Acordes" em 1981, houve uma aproximação com Marina. Ele compôs Mais Uma Vez com Lulu Santos, que tocou guitarras e teclados, e ainda caprichou na versão da italiana Veleno.

"Este meu primeiro disco na PolyGram foi muito importante, inclusive trazia no encarte um manifesto assinado por mim e pelo Antônio Cícero – baseado em conversas nossas e no que ele achava sobre música e vida. Muito bem escrito, muito forte e muito progressista, este manifesto dividiu opiniões junto à crítica e à opinião pública. Algumas pessoas ficaram com raiva, outras adoraram, mas o disco tinha todo um clima para trazer nosso trabalho para o mainstream. Não havia mais como negar que o meu trabalho existia, como opção de estilo. A música Fullgás estourou no rádio como um divisor de águas, em termos de sonoridade."


Olhos Felizes

Depois de passar anos nos Estados Unidos com a família, desenvolvendo domesticamente uma parceria com o irmão Antonio Cícero, Marina retornou ao Brasil e, ao fazer um teste para a gravadora WEA, foi imediatamente contratada para um primeiro LP em 1978 – há exatos 26 anos. Com várias influências, Marina surpreendeu com boa parte de suas 10 primeiras canções – já desde o início participando ativamente da produção, sempre interessada em aprender com o produtor Mazola. Da geração "Mulher 80", quando diversas cantoras foram lançadas, Marina chamou atenção tanto pelo visual "fatal" - registrado na capa por Antônio Guerreiro – como pelos modernos arranjos de Lincoln Olivetti e Robson Jorge.

Um desentendimento com a diretoria da companhia a fez migrar para a nova gravadora Ariola em 1980, aproveitando que Mazola tornara-se seu diretor artístico. "Olhos Felizes", este segundo LP, marcou a nova estréia da cantora – registrando mais canções da fornada inicial dos "irmãos Correa Lima", já compostas no Rio. A gravadora contratou Lincoln Olivetti para fazer todos os arranjos do disco e, segundo a cantora, houve uma padronização que prejudicou o trabalho. "Existem alguns grandes arranjos ali, algumas canções muito boas", reconhece hoje a cantora. "As músicas de Caetano, Gil e Rita eram de um padrão que já existia, enquanto que as minhas eram novidade. Nosso Estranho Amor tocou muito no rádio e impulsionou meu nome Brasil afora", lembra Marina Lima.


Próxima Parada

O sucesso e a repercussão de "Virgem", segundo disco de um último contrato de três discos de Marina com a PolyGram, foi sucedido pela calmaria de "Próxima Parada". A cantora percebeu que o tamanho de seu sucesso escondia um outro lado e fez um trabalho que, apesar do sucesso, considera como de "entressafra". "Eu estava com dois pés atrás... e nem apareço na capa", lembra Marina Lima. "O sinal está amarelo, passando pra vermelho, e eu estou olhando de lado na contracapa", analisa o conceito – que foi largamente explicado por ocasião do lançamento, mas talvez não levado a sério.

Dentro do encarte há o "Exercício do Sim", depois da enorme quantidade de "nãos" que a cantora tenha tido que dar nos últimos meses. Era uma brincadeira, mas ninguém percebeu. Mas, naturalmente, o sucesso do disco deu-se pelo repertório muito bem montado.

Vinda de uma exaustiva exposição com a turnê de "Virgem", que incluíra uma participação no Hollywood Rock de janeiro de 1988, Marina entrou em estúdio com um repertório muito bem escolhido. Dois Elefantes, de Herbert Vianna, também gravada pelos Paralamas em "Bora Bora" (89), divide espaço com a instrumental Scara, que fecha o disco, mas foi com À Francesa que o disco decolou. Parceria do irmão Antonio Cícero com o guitarrista Cláudio Zoli (ex-Brylho), a música foi o grande sucesso de "Próxima Parada" – que também incluiu uma versão de Garota de Ipanema, gravada por Marina depois de tê-la arranjado especialmente para sua participação no Prêmio Sharp. Uma remixagem desta faixa, feita especialmente por Dudu Marote, rendeu o primeiro videoclipe nacional por ocasião da estréia da MTV em 1990.

No ano seguinte ao lançamento de "Próxima Parada", Marina desligou-se da PolyGram (atual Universal Music) e assinou com a EMI, passando a assinar seus próximos discos como Marina Lima. Depois de alguns anos, no final dos anos 90, Marina retornou à companhia para mais três discos – um de estúdio, um de remixes e um ao vivo.


Todas

Projeto ambicioso em termos de arranjo, em função de Marina ter-se especializado na criação de sonoridades, "Todas" foi uma nova produção de João Augusto. "Gosto dele, mas acho que talvez não tenha sido realizado", comenta Marina, que enxerga neste trabalho aquele que gostaria de poder remixar. Depois de uma turnê ambiciosa para o disco "Fullgás", quando o repertório abrigou versões de músicas do Kid Abelha e de Ritchie, Marina ganhou de Herbert Vianna e de Paula Toller a inédita Nada por Mim. Sucesso nacional, ao lado de Eu Te Amo Você (Kiko Zambianchi), a música coroou um disco que trazia também uma nova versão para Av. Brasil, que Marina gravara originalmente para o festival MPB-81; e Já Fui, feita para a trilha sonora do filme "Com Licença, Eu Vou à Luta".

A aproximação da música de Marina com o Rock Brasil dera-se oficialmente com "Fullgás" (84), muito embora com Nada por Mim tenha ficado evidente que as bandas começavam a prestar atenção na cantora. Segundo Marina, entretanto, Lobão fora o primeiro a notar – pois, quando ela o procurou convidando para integrar-se à banda para uma turnê em 1982, ele já a conhecia e tinha interesse em sua música. Pouco depois, Marina já era convidada para participar do filme "Garota Dourada", um dos marcos na história do Rock Brasil.


Todas ao Vivo

Apaixonada pela busca de sonoridade, com uma predileção pelas horas de estúdio, Marina gravou "Todas Ao Vivo" um tanto relutante – aceitando a sugestão de Mariozinho Rocha. "Eu fui a um show do Kiko Zambianchi, no Morro da Urca, e ele cantou Ainda É Cedo. Eu fiquei louca pela música", lembra Marina sobre a maneira como conheceu a obra de Renato Russo. "Eu já tinha ouvido ´Geração Coca-Cola´ no rádio, mas era uma outra coisa. Naquela época, eu não tinha banda e não falava muito com a tribo."

Sem ser cantora de protesto, Marina preferiu a temática de relacionamento abordada por Ainda É Cedo e trouxe a música para seu repertório – que também incluiu o blues Maxine, de Donald Fagen, com letra em português da própria cantora e com direito a uma introdução especial de Lady Sings The Blues. O disco, que naturalmente trouxe versões ao vivo para faixas do LP "Todas" (85), foi puxado nas rádios pela novíssima Pra Começar - adotada como tema de abertura para a telenovela global "Roda de Fogo". Uma versão curta de estúdio foi utilizada na abertura da novela, enquanto que em todos os discos sempre prevaleceu a gravação ao vivo.

Enquanto o sucesso do LP "Fullgás", que rendera a Marina um Disco de Ouro, vendera algo em torno de 100 mil cópias, o estouro de "Todas Ao Vivo" garantiu à cantora um Disco de Platina pelas mais de 250 mil cópias vendidas em 1986.


Virgem

"Eu adoro esse disco", comenta inicialmente Marina Lima. "Ele tem classe e tem dignidade", continua a cantora, que vê neste trabalho algo mais límpido e que, mais uma vez, inaugura uma nova fase na carreira da cantora. Pseudo- Blues, obra prima do poeta Jorge Salomão, musicada por Nico Rezende, abre o disco e é pouco depois seguida por Preciso Dizer que Te Amo - histórica parceria de Cazuza com Dé e com Bebel Gilberto, aqui registrada pela primeira vez.

Durante a turnê anterior à gravação de "Virgem", o baixista Renato Rocketh mostrou sua música Uma Noite e 1/2 a Marina num camarim em Ribeirão Preto. Encantada pelo ritmo exibido com voz e violão, Marina resolveu gravar a música neste próximo disco – produzido pelo saxofonista Leo Gandelman, que trouxe para o universo da cantora o tecladista William Magalhães – pessoa com quem Marina trocaria muita informação musical. "Virgem" também foi Disco de Platina, ainda que Uma Noite e 1/2 tenha causado problemas da cantora com críticos reacionários – os quais, incomodados com a ousadia da letra da música, conduziram a questão para o lado pessoal. A relação com a imprensa, que incluíra boas discussões musicais até então, começou a ficar abalada. "Eu não gosto que falem sobre mim ou sobre minha vida, mas sim sobre minha música."
Estadão - 25 de maio de 2004

Marina Lima faz show intimista em SP.

Cantora está de volta à cidade após uma temporada de um ano dedicada a turnê brasileira de seu CD e DVD Acústico MTV.

São Paulo - Poucos artistas podem dizer que se sentem em casa em um lugar tão luxuoso quanto o hotel Fasano. Marina Lima, com certeza, faz parte dessa minoria. Isso ficou provado no momento em que a cantora pisou no pequeno palco para a estréia de sua temporada no bar Baretto, na última quinta-feira. Só para combinar com o local, a elegante carioca vestia Armani da cabeça aos pés. Na platéia, apenas 72 pessoas. Mas isso não significa que a casa estava vazia... muito pelo contrário. A casa de shows mais badalada - e cara - da cidade estava com a lotação máxima.

A cantora está de volta a São Paulo depois de uma temporada de um ano dedicada a turnê brasileira de seu CD/DVD Acústico MTV. No palco, ao seu lado, a banda de sempre: Fernando Vidal (guitarra), Fábio Fonseca (piano), Edu Martins (baixo) e Cuca Teixeira (bateria). Marina entrou no palco confessando que havia planejado fazer um show eletrônico, mas que desistiu quando conheceu o local. Optou então por um show intimista, marcado pela intimidade entre a cantora e os músicos e por sua voz grave, rouca e inconfundível. O repertório começou com sucessos como O Chamado, Grávida e Ainda é Cedo, do Legião Urbana, homenagem a Renato Russo ("um amigo que nos deixou muito cedo"). Mas a platéia só começou mesmo a balançar as jóias na versão "axé-cool" de Beija Flor ("sei que São Paulo adora a Bahia") e na adaptação para Hollywood, de Madonna, que foi traduzida para Salvador. O show acabou com a emocionante Eu Não Sei Dançar.

Marina também fez uma homenagem ao amigo Isay Weinfeld, arquiteto responsável pelo Fasano. "A melhor parte de fazer shows no Baretto é ficar hospedada aqui." Seus músicos concordaram. "Me sinto em casa no Fasano", brincou o guitarrista Fernando Vidal. "Só sinto falta do arroz e feijão preto do Rio". Sem conseguir deixar o palco, Marina finalizou o show com À Francesa, Pra Começar e Fullgás. Ficou faltando Vem Chegando o Verão..., mas talvez a noite em São Paulo estivesse muito fria para isso.
Jornal do Brasil (JB) - Revista de Domingo 12/09/99

Fernanda entrevista Marina

Conheci Marina Lima - pessoalmente - dois anos atrás. Fiquei abobalhada. Estar ao lado de uma artista que permeia a minha vida desde a adolescência, que fez a trilha musical de muitos namoros, deixou-me ridícula e cantei para ela uma música dela (o que três uísques não fazem com uma pessoa?).
Passou quase um ano para nos reencontrarmos. Ela lembrava da cena e eu morrendo de ressaca moral. Marina havia lido o meu primeiro romance e eu logo a presenteei com o segundo. Antes de lançar o terceiro, enviei para ela a cópia do manuscrito. Ela gostou. Diz que gosta do meu trabalho. Eu fico, ainda, abobalhada. No entanto, venho conhecendo uma Marina menos musa e mais humana. Descobrindo uma amiga - conselheira ela já é há 20 anos, cantando para mim as suas experiências -, uma mulher que, como algumas, tem procurado a sua verdade, tentando viver a verdade. Trabalhando com disciplina, mostrando para as outras mulheres que estar bela é atemporal. Moderna. Serena e agitada. Enfim, verdadeira. Mas com humor. Porque ser pop é com ela mesmo.(Fernanda Young)


Fernanda Young - Qual é o dia do seu aniversário? Você instiga essa vontade de saber detalhes sobre a sua vida.

Marina - Nasci no dia 17 de setembro de 1955.

Fernanda Young - Você tem uma continuidade qualitativa no seus trabalhos, que melhora, se sofistica a cada novo disco. Sempre que os escuto, gosto de folhear o encarte, reobservar as fotos, cantar com a letra na mão e, adoro, as citações e agradecimentos. Você escuta os seus discos?

Marina - Escuto muito enquanto trabalho neles; a realização de um disco passa por etapas longas e meticulosas, requer uma atenção enorme. São meses e meses vivendo uma espécie de repetição auditiva. Então, quando dou por encerrado, preciso descansar deles. Me distanciar. Mas mesmo não ouvindo tanto, depois de prontos, sempre reconheço neles a minha assinatura, como um retrato do tempo em que foram feitos.

Fernanda Young - O chato de escrever é que você se expõe a todo mundo, e todo mundo acha que te conhece. E tem a insuportável pergunta: é autobiográfico? Eu tenho um repertório de respostas. Gostaria de ouvir uma sua.

Marina - Sempre tem minha vida nas canções. É inevitável. Pois o que me leva a compor é justamente isso, um desejo de despir os disfarces. Para mim, canções são um pretexto para mostrar aonde, naquele momento, reside a minha força e fraqueza.

Fernanda Young - Pierrot é uma música com a qual eu me identifiquei muito. Tem uma característica romântica, mas ao mesmo tempo é uma explicação. Para mim, de um tempo em que fiquei anti-social. Há subtextos nas suas letras?

Marina - Muitas vezes há. Outras são mais diretas. Em Pierrot, há até um subtexto musical, pois sendo essa canção um frevo, ao me apropriar desse gênero minha intenção era me apropriar do próprio Brasil. Compus Pierrot para dizer que o Brasil, com suas diferentes culturas e estilos, me emociona. Que as cidades brasileiras, tão próximas e tão distantes, também me pertencem. Mas para a gente possuir e usufruir dessa riqueza toda, não basta só que elas existam. É preciso que nossas atitudes estejam também à altura delas. Menos xenofobia interna, por exemplo.

Fernanda Young - Nós compusemos duas vezes juntas e eu pude assisti-la criando. Entendi um pouco da sua utilização do tempo. O tempo da música, o tempo em que o verso deve se transformar em música. O seu senso de peso e medida comandando o ritmo. Me conta mais sobre isso.

Marina - Para mim, as melhores canções são aquelas em que o verso obedece a uma métrica já existente na melodia, ou seja, a música é que comanda a letra. Não tem jeito, sempre acho essas as melhores canções. É raro eu musicar um poema. A música é uma outra linguagem diferente da poesia, e ela induz a outros caminhos e soluções.

Fernanda Young - É comum que as pessoas idealizem os artistas, achando que suas vidas são tão interessantes quanto sua obra, ou que o autor está sempre inteligente e inspirado. O que, no meu caso, está longe de ser verdade. Como é a Marina sem idealizações?

Marina - Mais ou menos como o seu caso (risos). É difícil corresponder a tantas expectativas. Quando componho ou me apresento ao vivo, é resultado de muitos ensaios, de uma busca do meu melhor para apresentar ao público. Agora, se eu tiver 24 horas num palco, ou se tiver que passar o dia todo conversando como se estivesse dando uma entrevista, é melhor me internar, porque eu vou cometer loucuras... (risos)

Fernanda Young - Você vai mesmo posar para a Playboy?

Marina - Vou.

Fernanda Young - Por que agora? O que aconteceu em Marina para que, com 20 anos de carreira, conduzida com discrição e uma dose de timidez, resolvesse despir-se?

Marina - Primeiro, sinto que isso seria bom para desatar um nó que tenho em relação a minha vaidade, a um exibicionismo natural que a minha cabeça critica. Acho que, posando para a Playboy, vou mexer com uma gama de emoções tão grande que me permitirá ter vários insights sobre essa dificuldade. Também vai ser importante mostrar aos outros que, aos 43 anos, estou viva, bonita, vivendo uma espécie de apogeu da minha feminilidade. Talvez, mostrando esse apogeu, fique mais fácil abrir mão dele depois, ao envelhecer. E claro, tem a grana.

Fernanda Young - O que você faz para manter esse corpão?

Marina - Desde muito cedo cuido do corpo tanto quanto da cabeça. Sempre precisei dos dois. Ginástica, yoga, caminhadas, tudo isso ajuda. Levo uma vida muito saudável e disciplinada, com alimentação certa e horários certos. Acostumei a viver assim desde os 20 anos.

Fernanda Young - Você tem se apaixonado?

Marina - Não. Não sou de me apaixonar muito. Quer dizer, eu me apaixono muito por uma mesma pessoa, é assim que funciono. Depois de um bom tempo sozinha, agora é que comecei a sair de novo, rever amigos, jantar fora.

Fernanda Young - Você é tão exigente afetivamente quanto é profissionalmente?

Marina - Acho que sim, mas tenho repensado tudo isso, pois não tenho sido muito feliz afetivamente. É muito doloroso esperar dos outros o que eles não podem ou não querem dar. O que eu quero mesmo é aprender a aceitar os limites de quem eu amo, e me sentir aceita também com minhas falhas e dificuldades. Quem não erra, quem não precisa de compreensão?

Fernanda Young - As vacas produzem leite quando estão em descanso. O ócio é importante para a sua criação? O que você tem feito musicalmente? Eu sei que você gosta de estudar, e sei sobre o seu interesse pela música digital.

Marina - O ócio é bom por um período curto, senão acostuma. O contato com a música digital me interessa, me traz recursos para compor e criar novos sons e arranjos. Eu gosto muito de estudar, me estimula, me ajuda a evoluir musicalmente e facilita a minha relação com os músicos.

Fernanda Young - Existe algum artista novo que lhe chame atenção?

Marina - Na cena internacional tem algumas pessoas que curto muito. Há poucos anos surgiu uma cantora excepcional, a K.d. Lang. É um absurdo o que aquela mulher canta. A Alanis Morissette também é muito boa, faz um trabalho visceral, acho que ela injetou um sangue novo na cena rock. E também a nossa querida Madonna, cada vez mais bonita, sacudindo os pilares da caretice geral. No Brasil, gosto muito do Jota Quest, uma banda pop ótima, com um cantor excelente. A cena axé eu gosto...

Fernanda Young - Marina, seja honesta, você gosta de Jota Quest e axé music? Você não tem cara de quem escuta isso!

Marina - (gargalhadas) Gosto... gosto sim.
Fernanda Young - Queria que você falasse sobre o que aconteceu com a sua voz...

Marina - Perto de fazer 40 anos, tive uma grave crise existencial que acabou resultando numa depressão. Eu vinha de algumas perdas significativas, e, embora estivesse aparentemente bem (eu estava casada, amando), tinha muitas dúvidas a respeito do rumo que a minha vida teria dali por diante. Quarenta anos é uma idade decisiva para a mulher. Chegam questões fundamentais que precisam ser resolvidas com convicção, e eu não tinha nenhuma. Então fui ficando sem força, perdida, sem identidade e conseqüentemente perdi a voz. Minha voz sempre esteve sintonizada com minhas crenças e emoções. Sempre cantei aquilo que sentia e acreditava, e de repente, não sabia mais nada. Não tinha ar nem para falar. Foi um período muito difícil, constrangedor, pois sendo cantora, as pessoas me cobravam, não entendiam nada! Ora, se fosse um problema físico, era tão mais fácil, era só operar. Mas a questão era outra. Depressão não se opera. Foi duro.

Fernanda Young - E como você superou essa história toda?

Marina - Da única maneira possível: indo até o fundo do poço. Com a ajuda de um grande psiquiatra, fui entrando em contato com aquela tristeza toda e, a partir disso, enfrentando o medo e as perdas que vieram depois... Aí, devagarinho, a voz começou a voltar. É como diz a mãe da Preta Gil, a Sandra: "No fundo do poço tem mola." Ela tem toda razão.

Fernanda Young - Que conclusões uma pessoa chega depois de passar por uma barra dessas?

Marina - Percebi que não quero mais colocar a minha energia só no trabalho, só lidando com imagem, palco, compromissos profissionais... Foram anos fazendo isso. Não agüento. Tem todo um lado afetivo meu tão importante quanto a minha carreira. Me relacionar com os outros não como uma estrela, mas como uma mulher que quer compartilhar de uma vida a dois. Saber dividir tarefas, fora do palco também.

Fernanda Young - Eu entendo isso. Mas é difícil encontrar alguém que segure essa onda. Porque o artista não fica 24 horas no palco, mas tem uma cabeça que pensa demais, e por isso se esgota...

Marina - É, mas é possível encontrar alguém que saiba lidar com isso, sem se sentir diminuído nem melindrado... Não são só os artistas que são complicados... Eu acredito no amor. Vejo a Fernanda Montenegro e o Fernando Torres, esse casal maravilhoso que já passou por barras e que permanece junto até hoje. Porque o amor falou mais alto.

Fernanda Young - E a música?

Marina - Eu nunca vou parar com a música. Esse é o meu dom. É o que eu amo e sei fazer. Eu precisei de um tempo, mas vou voltar. Estou só juntando coisas boas para poder contar na volta.

Fernanda Young - Entrevistas sempre são duvidosas. Existe alguma pergunta que você sempre quis responder e ninguém perguntou?

Marina - Você fez perguntas ótimas, não me ocorre mais nenhuma... Mas eu queria aproveitar esse encontro pra lhe fazer um convite: você toparia escrever alguma coisa sobre o ensaio da Playboy? Eu me sentiria tão bem acompanhada...

Fernanda Young - Nossa!! Claro. Só espero conseguir colocar a poesia certa na sua métrica.

Marina - (risos) Você vai conseguir.
Texto do encarte do Disco

Fico pensando quantas coisas eu poderia dizer sobre esse disco, quantas histórias se passaram para que ele pudesse se revelar... Mas pensando bem, o que realmente importa, o que fica pra sempre na memória da gente é o amor. Então esse disco é uma tentativa de entender as minhas estórias de amor. Entender, aceitar, resolver, resgatar - será possível? - histórias que a vida me deu de presente, e que eu rapidamente, tratei de aproveitar (esse rapidamente é que é o problema: às vezes me fodo de verde e amarelo por causa dele)... E mesmo tentando seguir a máxima do professor pela vida afora ("É devagar, é devagar, devagarinho"), devo confessar que todas as vezes em que "resolvi" ser lenta, me arrependi amargamente depois... Mas a vida segue e como tudo no Brasil acaba em música, não seria diferente com esse pierrot apaixonado.
Um beijo e até.

Marina Lima.

"Abrigo é uma retribuição à acolhida que obtive com meu disco anterior, O Chamado. Aquele foi um projeto muito pessoal, intransferível mesmo, e confesso que não esperava a atenção e o interesse que despertou um universo tão particular. fiquei surpresa e grata. Desde então decidi que faria um próximo trabalho quase que oposto, um disco mais sintonizado com os outros e com os desejos e anseios que temos em comum.

Não é fácil escolher repertório num país como o nosso; o acervo brasileiro é impressionante. São milhares de lindas canções. Decidi por gravar então, tanto alguns compositores já conhecidos, canções que sempre quis cantar como Nem Luxo Nem Lixo e O que Tinha De Ser, quanto alguns compositores novos que vejo terem muito talento. Escolhi também uma música do Irving Berlin que eu adoro, Blue Skies.

Não me sinto uma grande cantora, nem uma grande instrumentista; apenas uma mulher com uma enorme vontade de mostrar um pouco do mundo em que ela acredita que sabe existir. Às vezes temporã de uma geração anterior, e outras, primogênita de uma geração por vir. Sensações de uma solitária que insiste em fazer seu tempo valer.

No mais, é ter e dar abrigo para algumas grandes canções, canções essas que, brincando com meus amigos, digo serem a minha "melhor safra".

Obrigada,

Marina"

Texto do encarte do disco:

No período de Novembro de 91 a Setembro de 93, ocorreram muitas coisas comigo: perdas, descobertas, constatações. Viagens irreversíveis. Será que me tornei mais mística? Não sei dizer. De qualquer forma não precisarei citá-las aqui pois já estão inseridas de várias formas e versos nesse meu novo disco. Mas entre tantos "ocorridos", gostaria apenas de citar três coisas que li e que me dão sempre uma nítida sensação de conforto e acalanto. Emocional, espiritual e porque não dizer musical também...
Então é isso. Espero que vocês possam curtir esse novo trabalho de uma jovem senhora "de passagem".

Marina.

"A única maneira de você descrever verdadeiramente o ser humano é através de suas imperfeições. O ser humano perfeito é desinteressante. As imperfeições da vida é que são apreciáveis. Por essa razão é que algumas pessoas têm dificuldade de amar a Deus; nele não há imperfeição alguma. Você pode sentir reverência, mas isso não é amor". (Joseph Campbell)

"Cabe ao homem achar dez verdades durante o dia. De outro modo, ele buscará verdades também durante a noite, pois sua alma ainda estará com fome". (Friedrich Nietzsche)

"Tolerar a existência do outro, e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância". (José Saramago)
É 1991.
Talvez seja o tempo mais brilhante e atravessado pela noite que este mundo já viu.
Eu tenho 35 anos. Às vezes quando eu digo isto alguém rapidamente responde "Mas não parece", como se fosse ruim ter mais de 30 anos. Mas para mim não é assim. Para mim a infância, a adolescência, os 20 anos, eu os vivi até o fim para chegar a esta idade.
Eu tenho 35 anos em 1991 e não há nada melhor do que isto.
Marina.
Somos brasileiros e estrangeiros. Somos estrangeiros porque a nossa verdadeira casa e a casa da nossa música não têm paredes, nem teto, nem cerca, nem fronteiras. Não vegetamos nem precisamos de raízes.

Mas nascemos aqui, aqui trabalhamos e escolhemos ser brasileiros. Por quê? Porque este país é a nossa casa. A força dele, como a nossa, não pode vir de nenhuma fonte pura. Fontes puras não existem. O Brasil vem da fusão de todas as águas, de todas as correntes culturais, da miscigenação. Por isso ele realmente mete medo em todos os que sofrem de Agorafobia.

Como a música é a expressão mais viva da cultura no Brasil, é justamente a ela que os caretas tentam impor a sua "ordem". E a ordem dos caretas é, e sempre foi, a da fidelidade às tais "raízes" ou "purezas" ou sabemos lá o que...

Já para nós, bom é ser contemporâneo ao mundo. Tomamos partido pelo presente e nele pelo mais full gás e mais fugaz. Se nossa música é política? Nossa música É a nossa política. Queremos descobrir novas possibilidades: não de fazer "arte", mas de viver.

Chega de ideais repressivos, cagando regras, fingindo estar acima do tempo e dizendo por exemplo que devemos ser heterossexuais ou bissexuais ou que devemos ou que não devemos ter ciúmes, ou que temos que gostar da bossa nova ou fazer samba ou ser new wave...

Melhor para nós são a descoberta e liberação dos desejos e gostos autênticos de cada um.

Nossa música é simples, deliberadamente simples e direta. Por isso mesmo ela é mais difícil para aqueles que se viciaram às velhas fórmulas. Sabemos que somos superficiais demais e profundos demais para essa gente.

Não há CAMINHO REAL para fazer algo que enriqueça o mundo. Por mais que certos setores da "vanguarda" sugiram uma evolução linear da Música, a verdade é que às vezes é do mais "vulgar" que vem o toque mais sutil. E é claro que o novo vem sempre de onde menos se espera.

Assim somos nós. Assim é o que fazemos. Simples como fogo.

Fullgás

.Marina Lima e Antonio Cicero
Revista Veja, 20/10/81.

Primeira Cigarra
Marina: evitando a identificação com intérpretes que só cantam músicas alheias.

Marina anuncia o verão com bossa carioca
Faltava muito pouco para Marina passar ao primeiro time da música popular brasileira. No ano passado, quando invadiu as rádios com a balada "Nosso Estranho Amor", em dueto com seu autor, Caetano Veloso, revelava-se uma boa cantora, segura e de timbre muito pessoal. No mesmo período, contudo, chegou às paradas com músicas de Rita Lee ("Doce Vida") e Gilberto Gil ("Corações a Mil") e, assim, confundiu-se com as repetitivas intérpretes que vivem de gravar e regravar canções de autores consagrados. Marina, porém, é também uma compositora de boas idéias, fina sensibilidade e grande senso de oportunidade. Faltava-lhe apenas amadurecer, corrigir os equívocos de produção e repertório de seus dois primeiros LPs, trocar o departamento das "promessas a vingar" pelo da "vanguarda pronta".
Marina andou a passos largos nesse ano e meio: seu novo LP, CERTOS ACORDES, é uma das melhores surpresas de 1981. Preferindo as afiadas parcerias com o irmão Antônio Cícero ao aval dos grandes nomes, dispensando as orquestrações complicadas, realizou um disco de eficiente simplicidade, balançado e sugestivo, próprio para as tardes ensolaradas do verão que se aproxima. De verões, aliás, Marina entende. Carioca, 25 anos, era uma das figuras mais badaladas da praia de Ipanema até que, em 1979, decidiu abandonar o diletantismo para se dedicar mais seriamente à carreira. Seu único passatempo, agora, é a solitária pescaria. "Estou até querendo mudar para São Paulo, pois a vida no Rio é um círculo vicioso de pessoas. locais e idéias", queixa-se.

Dupla Vivência
Não será a primeira mudança: dos 5 aos 12 anos, Marina Corrêa Lima morou em Washington (seu pai trabalhava como economista no Banco Interamericano de Desenvolvimento), onde acompanhou de perto a explosão do rock estudando violão e "tentando imitar os Beatles na frente do espelho".
De volta ao Rio e ao curso ginasial do Colégio Andrews, ficou encantada por Gal Costa - então estrela máxima e exclusiva dos jovens - e com a maciça invasão dos ritmos estrangeiros na música brasileira, então afogada pela censura.
Decidiu ser cantora, daquelas que "se entregam e se fazem conhecer por inteiro no palco". Por sorte, tinha talento e, hoje, como Rita Lee, talvez seu único paradigma, consegue destilar com grande habilidade a dupla vivência entre os ritmos americanos e brasileiros.Como na deliciosa "Quem É Esse Rapaz", onde consegue elaborar um balançadíssimo funk sem a ajuda considerada inevitável - dos metais. Adiciona-lhe ainda um sabor bem carioca, de beira de praia. e memorável solo de gaita a cargo de Rildo Hora. Esse mesmo espírito está presente em "Charme do Mundo" e "Maresia", em que exibe precisão nas construções harmônicas e arrebatadora emoção navoz, agora liberta de alguns trejeitos que quase a comprometiam nos discos anteriores.
Para chegar a esse bom resultado, Marina é seguramente auxiliada pelas letras do irmão, Antônio Cícero Corrêa Lima, 35 anos, professor de Filosofia e Lógica, com Ph.D. pela Universidade de Georgetown, nos EUA, trocou o magistério pela poesia e acabou se revelando um letrista de talento. Como em "Charme do Mundo": Eu tenho febre, eu sei/ É um fogo leve que eu peguei/ Do mar, ou de amar, não sei/Mas deve ser da idade.
Já com um sucesso seu na voz de Maria Bethânia - "O Lado Quente do Ser" -\' ele prefere os poemas alegres e foge das lamúrias que se abatem sobre a música brasileira. "Ficar no horror", explica, "é falar de impotência, e a arte é uma manifestação de potência". Uma teoria que o torna, sem dúvida o parceiro ideal da irmã.

Por Okky de Souza.
Folha de São Paulo, 15/05/95.

"Solidão", de Dolores Duran, abre o primeiro disco de Marina.
"Simples como Fogo" (1979), relançado agora em CD
.

A escolha dá as pistas para decifrá-la. Dolores foi, como Marina é, uma das poucas cantoras compositoras da MPB. A interpretação esclarece mais ainda.
Mesmo cantando as dores-de-cotovelo de Dolores ("Ai, a solidão vai acabar comigo"), Marina opta pela agressividade e pela provocação. Revelada numa época pródiga em cantoras de MPB, Marina procurava impor-se pela interpretação, mas sempre em registro bastante particular.
Percebendo em seguida o início de uma década perdida para a MPB (representada pelos bodes expiatórios Robson Jorge e Lincoln Olivetti, arranjadores, aliás, de "Simples como Fogo"), migrou para o nascente rock brasileiro.
Nesta vertente, destacou-se da massa pela originalidade, mas produzindo ainda discos de impasse. A virada se dá em "Virgem" (1987), quando ela escapa do rock e mergulha de vez em seu próprio universo, sem par na MPB.
Em discos cada vez mais pessoais a partir daí, mostra-se afinal muito mais interessante que as promessas de "Simples como Fogo", e só não disputa com Marisa Monte o título de futura grande cantora brasileira por não compartilhar da ambição daquela.

Por Pedro Alexandre Sanches
  • Marina Lima - 2012 Novembro
    Lançamento do primeiro livro de Marina Lima.

  • Marina Lima - 2011 CD Literalmente Loucas
    Doze cantoras da nova geração fazem show em São Paulo e lançam
    o CD Literalmente Loucas - As Canções de Marina Lima -
    idealizado por Patrícia Palumbo e DJ Zé Pedro.

    Marina Lima - 2011 CD CLÍMAX
    Lançamento

  • Marina Lima - 2010 Canta "Como 2 e 2" no show
    Elas Cantam Roberto Carlos,
    que vira CD e DVD.

    Marina Lima - 2010 Muda-se para São Paulo.

  • Marina Lima - 2009 Idealiza e compõe canções para o novo trabalho,
    que leva a sua assinatura: Clímax.

  • Marina Lima - 2008 A turnê Topo Todas Tour, devido ao sucesso no Brasil, se estende pelo ano de 2008...

    Marina Lima - 2008 A turnê Topo Todas Tour se torna um grande sucesso e se estende até meados de 2008. Em setembro, a cantora estreia novo show: "Marina Lima e Trio - Em Concerto".

  • Marina Lima inicia turnê com o show Topo Todas Tour

    Marina Lima - 2007 Marina canta para cerca de 80 mil pessoas no reveillon do Recife.

  • Marina Lima - 2006 Lançamento do CD Lá nos Primórdios
    Texto do encarte
    Release Eucanaã Ferraz

  • Marina Lima - 2005 Lançamento do Show "Primórdios"

    Marina Lima - 2005 Lançamento da coleção "Marina Anos 80"

    "Primórdios" - Matéria sobre o show
    Considerado o melhor show de pop brasileiro de 2005

    Coleção "Marina Anos 80"
    Entrevista - Década na qual a nova compositora se impôs
    Leia os textos de Marcelo Froes adicionados à coleção.

  • Marina Lima - 2004 Marina estréia como apresentadora do programa "Saia Justa"

    Marina Lima - 2004 Marina realiza temporada intimista de shows em São Paulo

    Leia mais sobre os textos aqui

  • Marina Lima - 2003 Lançamento "Acústico Marina Lima" em CD e DVD

    Marina Lima - 2003 Marina lança o "Acústico MTV" em CD e DVD. O disco tem a participação especial de Alvin L., Fernanda Porto, Liminha e Martinho da Vila.



    Bônus DVD
    Ouça trecho da entrevista

  • Marina Lima - 2002 Novembro - Bate Papo UOL

    Marina Lima - 2002 É lançado um tributo ao produto iugoslavo Suba, que tem a faixa "Lagoa Pinheiros", composta por ele e Marina. A canção ia fazer parte do disco "São Paulo COnfessions" do produtor, mas não foi finalizada a tempo. Junto com o produtor Apollo 9, Marina fechou a faixa para o tributo.



    Música: Lagoa Pinheiros

  • Marina Lima - 2001 Lançamento do disco
    "Setembro"

    Marina Lima - 2001





    Música: Dois Durões

  • Marina Lima - 2000 Marina inicia turnê do novo show: "Síssi na Sua"

    Marina Lima - 2000 Afastada do palco há seis anos, Marina volta a fazer show com a turnê de Síssi na Sua, iniciada em Juiz de Fora (MG)

    Música: Sissi

  • Marina Lima - 1999 Marina posa para a
    Revista Playboy

    Marina Lima - 1999 Fernanda entrevista Marina:
    "...acho que, posando para a Playboy, vou (...) mostrar aos outros que, aos 43 anos, estou viva, bonita, vivendo uma espécie de apogeu da minha feminilidade"."
    Leia entrevista completa

  • Marina Lima - 1998 Lançamento do disco
    "Pierrot do Brasil"

    Marina Lima - 1998 Texto do encarte do disco

    Vídeo: Arquivo II
    Música: Arquivo II



    Marina compõe com Suba e Felipe Venâncio, música para o desfile da grife Forum, no São Paulo Fashion Week. O tema: Rio de Janeiro.

  • Marina Lima - 1996 Lançamento do disco
    "Registros à meia voz"

    Marina Lima - 1996 Música: À meia voz

  • Marina Lima - 1995 Lançamento do disco
    "Abrigo"

    Marina Lima - 1995 Ver encarte do disco

    Músicas
    Carne e Osso


    Samba do Avião

  • Marina Lima - 1993 Lançamento do disco
    "O Chamado"

    Marina Lima - 1993 O disco tem versão para o mercado internacional de nome "A tug on the line". Texto do encarte do disco

    Música: It's not enough

  • Marina Lima - 1991 Lançamento do disco
    "Marina Lima"

    Marina Lima - 1991 Passou a assumir seu sobrenome em seu nome artístico. É um dos discos que mais gosta. Texto do encarte do disco

    Vídeo: Criança
    Música: Serei feliz

  • Marina Lima - 1990 Inaugura a programação da MTV

    Marina Lima - 1990

    Inaugurou a programação da MTV com exibição do seu vídeo clipe "Garota de Ipanema"






    Música: Garota de ipanema

  • Marina Lima - 1989 Lançamento do disco
    "Próxima Parada"

    Marina Lima - 1989 O disco ganhou o "3º Prêmio Sharp da Música" (ano Maysa) de melhor disco e melhor cantora pop-rock.

    Vídeo: Garota de Ipanema
    Música: Próxima parada

  • Marina Lima - 1987 Lançamento do disco
    "Virgem"

    Marina Lima - 1987


    A cantora ganhou os prêmios de melhor cantora pop rock, melhor disco e melhor intérprete com "Preciso dizer que te amo" no "Prêmio Sharp de música" (ano Vinícius de Morais). Marina cantou "Garota de Ipanema" no show da premiação. A música "Uma noite e 1/2", do baixista Renato Rocketh, com quem a cantora faz um dueto, é executada em todas as rádios do país sempre nos primeiros lugares da parada, se tornando o hino do verão.

    Músicas
    Virgem


    Preciso dizer que te amo


    Uma noite e meia

  • Marina Lima - 1986 Lançamento do disco
    "Todas ao vivo"

    Marina Lima - 1986

    Lançamento do vídeo
    "Sexo é Bom - Todas ao Vivo"





    Música
    Veneno

  • Marina Lima - 1985 Lançamento do disco
    "Todas"

    Marina Lima - 1985








    Música
    Difícil

  • Marina Lima - 1984 Lançamento do disco
    "Fullgás"

    Marina Lima - 1984 Leitura
    Texto escrito por Marina e Cícero presente no encarte do disco.

    Ouça Marina e Cícero recitando um poema gravado no disco.

  • Marina Lima - 1982 Lançamento do disco
    "Desta Vida, Desta Arte"

    Marina Lima - 1982

    Música - Acho que dá


    A cantora Zizi Possi participou da música "Essas coisas que eu mal sei".

  • Marina Lima - 1981 Lançamento do disco
    "Certos Acordes"

    Marina Lima - 1981 Faltava muito pouco para Marina passar ao primeiro time da música popular brasileira. Seu novo LP "Certos Acordes" é uma das maiores surpresas de 1981. Leia o texto completo

    Música: Gata todo dia

  • Marina Lima - 1980 Lançamento do disco
    "Olhos Felizes"

    "Nosso estranho amor" foi o primeiro sucesso de Marina nas rádios. A música foi composta e gravada em parceria com Caetano Veloso.

    Música - Nosso estranho amor

  • Marina Lima - 1979 Lançamento do disco
    "Simples Como Fogo"

    Marina Lima - 1979 Revelada em uma época pródiga em cantoras de MPB, Marina tentava impor-se pela interpretação, mas sempre em registro bastante particular.
    LEIA O TEXTO COMPLETO

    Música: Chave do mundo