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eu quero

I want to sing

I want to love

I want to write

I want to play

I want to  move

I want to hide

I want to die

I want to stay.

MARINA LIMA – ESPECIAL PARA A FOLHA

Folha de S. Paulo, 12/11/2009

Comentário

Suba era diferente de todos os outros

MARINA LIMA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Posso dizer que o Suba foi um divisor de águas nesta minha história com a música. Até então, tendo passado por algumas escolas diferentes de produtores musicais, havia optado por me enquadrar na escola “apolínea” do produtor Liminha.
Sou virginiana: gosto quando a ordem se impõe ao inesperado, e com o Liminha era assim.
E para mim era extasiante ver alguém tão esteta quanto eu. Suba me deu o contrário, o
outro lado da moeda. Foi como entrar no mar num dia de ressaca -para mim, absolutamente irresistível (já fui salva algumas vezes, por não resistir a cair no mar em dias assim).
Suba ficava irritado com as minhas escalas no tempo. Um jeito caxias que tenho de treinar, treinar e repetir, repetir, como um músico de orquestra que busca o domínio de seu instrumento. Suba queria mais o acaso. Ele, pianista iugoslavo que veio ao Brasil atrás de música de candomblé, não tinha medo dos choques.
Começamos a coproduzir o meu álbum “Pierrot do Brasil” em 1998; teve uma prévia de dois meses em minha casa na Lagoa e fomos para o estúdio.
Ele era diferente de todos os músicos com quem eu havia trabalhado e me repetia sistematicamente: “Marina, você não parece uma brasileira”.
Pelo conhecimento que tinha de música (suas passagens por várias escolas europeias), pelo fascínio que o Brasil exercia sobre ele e pela admiração e respeito que mostrou ter com a minha música, eu mudei.
Deixei o acaso entrar, comecei a gostar das “sujeiras” que ele propunha para as minhas peças tão bem acabadas. Criamos um disco e nos tornamos grandes amigos. Saíamos para beber, para comprar canivetes, compor; fazíamos coisas que só nós dois entendíamos. E ríamos muito. De cair.
Suba foi um produtor muito importante para o Brasil. Os trabalhos que realizou aqui, com músicos e bandas que estavam em busca de outras sonoridades, são maravilhosos.

Volta e meia ele me mostrava o que vinha fazendo com João Parahyba, Mestre Ambrósio, Bebel Gilberto. Tudo me soava vivo, inteligente.
Lembro de uma matéria que a Folha deu em que ele contava suas diferentes impressões dos músicos brasileiros, com quem vinha trabalhando. Quando o repórter perguntou “e a Marina, como foi trabalhar com ela?”, Suba respondeu: “Ah, a Marina é Gucci, é alta-costura”.
Ri muito.
Sinto muita falta dele. E sei que, se estivesse vivo, estaríamos fazendo o diabo juntos.
MARINA LIMA é cantora e compositora

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