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Meia-idade inteira

Enquanto o vigor de Madonna impressiona o Brasil, um tributo às nossas mulheres que cruzaram os 50 com tudo em cima

Marina Lima, 53

À primeira vista, Marina é puro poder: Corpo escultural, jeito descolado e aquela voz rouca que a torna ainda mais interessante.
Ela chega acompanhada da assessora, cumprimenta todo mundo e começa a olhar as roupas, a vasculhar os assessórios, a experimentar algumas coisas.
Da própria bolsa, saca um par de sandálias de salto altíssimos, que muito poucas conseguiriam segurar, e diz que gostaria de usá-las.
Para a primeira rodada de fotos, escolheu um short, um camisetão branco e as tais sandálias, compradas em Londres.
Para a segunda, foi de corpete sexy e calça preta bem justa.
Em pouco mais de três horas com a cantora, um ícone dos anos 80, não foi difícil perceber: Marina Lima ainda é uma menina – Literalmente, de corpo e alma.
- Gente, eu não sou isso.
Vão pensar: Olha a Marina bancando a gostosa…
Não quero chegar aos 60 com essa imagem – diz, entre curtindo o visual e insegura com a imagem – Tá bom assim?
Perguntava, a cada clique.
Marina é bacana.

No tête-á-tête, ela relaxa, volta no tempo, conta histórias, frisa nomes que gostaria que fossem associados ao seu , como Elizeth Cardoso, que a inspirou a cantar, e Tom Jobim, que conheceu num navio, quando voltava para o Brasil com a família, depois de morar nos estados Unidos dos 5 aos 12 anos.
Marina diz que passou a infância sonhando com o seu país.
Odiava a segregação racial americana ainda muito presente naquela época e queria viver a bossa nova que seus pais tanto ouviam.
- Sou morena, brasileira.Tinha todo um preconceito em Washington nos anos 60.
Mas quando estourou a bossa nova eu passei a ter um orgulho danado daquilo.
Era legal dizer: “Sou brasileira” – conta. – Só comecei a compor muitos anos depois, com o meu irmão Antônio Cícero.
Quando eu tinha 16, 17 anos, minha família voltou para os Estados Unidos.
E foi lá que eu e o Cícero iniciamos a história com a música.
Voltamos para o Brasil dois anos depois e, em 1980, meu primeiro disco foi lançado.

Marina também viveu os anos 80 na veia no quesito beleza: surfava no posto 9 e praticava muita aeróbica.
Foi até campeã da chamada ginástica rítmica do Top Bell Club, um dos hits da década.
Até hoje ela é malhadora.

Tem personal trainer e freqüenta academia.
Diz que “aparência é moeda de troca”
Marina garante que a única cigurgia plástica que fez foi em 1987.
Botou silicone.
Numa época em que todo mundo tirava, ela aumentou os seios porque os achava pequenos demais para o corpo sarado.
A alimentação sempre foi saudável.
Mas, confessa, almoça e janta com um copinho de vinho.
E adora sopa com bastante pimenta.
- Que o Paul e a Stella McCartney não me ouçam: eu como carne – brinca.
Não sou contra nada. Só sou contra o que me faz mal. O bacana é achar um meio termo entre a força e a suavidade.
Acho que esse é o grande desafio da vida.

Entre 1997 e 2000, Marina enfrentou uma fase difícil.
Teve uma forte depressão.
E não conseguia entender a própria tristeza. Foram três anos de dor e sofrimento até encontrar um médico que a recolocou no eixo.
Agora está tudo muito bem. Anda compondo loucamente para lançar seu 18° disco em 2009 e prepara um livro que ela chama de obra livre:
Não chega a ser uma autobiografia, mas revela um pouco da sua alma.
O título é “Marina Lima Entre as Coisas”

- Depressão é uma agonia. Tem um nome muito interessante para essa doença: bílis negra da alma.
Por ser famosa e trabalhar com a voz, eu me sentia pressionada a fazer coisas.
Mas perdi totalmente a vontade de cantar e, principalmente, de ser vista – lembra – Hoje eu acho importante falar disso para ajudar as pessoas.
Com a idade saquei que estou na vida para fazer diferença.
E não faço diferença posando para revista de celebridade. Faço diferença passando a minha experiência.

Mais duradouro que o bronze…

 ”O pensador ou artista que guardou o melhor de si em suas obras sente uma alegria quase maldosa ao olhar seu corpo e seu espírito sendo destruídos pelo tempo, como se de um canto observasse um ladrão a arrombar seu cofre, sabendo que ele está vazio e que todos os tesouros estão salvos.”

                       Nietzsche

Adoro isso! Quis dividir com vcs.

beijo.

Marina

TEMMAIS conversa com a cantora Marina Lima

Marina Lima se destacou no cenário nacional devido a sua voz sensual e músicas marcantes, que passam de geração a geração com o mesmo brilho e mensagem universal. Já são quase trinta anos de carreira.

Sua estréia na cena musical se deu com o álbum “Simples Como Fogo”, em 1979 e desde então ela não parou mais. Inicialmente a cantora usava apenas o nome Marina, mas na década de 90 adotou o último sobrenome ao nome artístico. Entre seus sucessos estão “Pra Começar”, “Ainda É Cedo”, “À Francesa”, “Não Sei Dançar”, “Uma Noite e Meia”, “Eu Te Amo Você”.

Por isso, para saber mais sobre sua carreira e vida, a equipe do TEMMAIS conversou com a cantora durante sua passagem por Bauru. Confira a entrevista na íntegra.

TEMMAIS: Você nasceu no Rio de Janeiro, mas morou muito tempo nos Estados Unidos. Como foi isso?

Marina Lima: Meus pais nasceram no nordeste, mas eu nasci no Rio de Janeiro. Fiquei muito tempo fora, morei oito anos nos Estados Unidos. Eu morei duas vezes lá e voltei pra cá na primeira vez com uns 12 anos.

Aí quando fui prestar vestibular eu não sabia que rumo tomar, aí eu voltei para os Estados Unidos pra estudar música.

TEMMAIS: Seu irmão Antônio Cícero foi um grande parceiro em sua carreira. Como é a relação de vocês?

Marina Lima: Meu irmão participou de muitos discos meu. A gente é muito ligado, afinal temos o mesmo pai e a mesma mãe, então não tem como. Embora nós tenhamos uma forma diferente de nos expressar, nós temos uma forma de pensar similar, mas cada um tem um talento.

TEMMAIS: Você ficou um tempo afastada do cenário musical. O que aconteceu?

Marina Lima: Pra mim não foi tão longo, porque eu estava estudando, então ainda estava ligada a música. Eu precisava descobrir, aliás, me redescobrir. Eu assinei um contrato muito cedo. Eu tinha 17 anos, então virei profissional muito cedo e foi muita correria. E eu sou uma pessoa organizada, sou virginiana, então precisei entender o que estava acontecendo.

TEMMAIS: Em entrevista à revista “Joyce Pascowitch”, você falou sobre seu relacionamento com a cantora Gal Costa quando tinha apenas 17 anos. Você esperava uma repercussão tão grande?

Marina Lima: Eu não tenho o que comentar, até porque eu não falo com a Gal há anos. Mas, eu não esperava essa repercussão, porque na verdade eu sou artista e não jornalista. Com a internet parece que a gente esta numa espécie de Big Brother. Então, na verdade, o que eu fiz foi dar uma entrevista longa de oito páginas sobre impressões da minha vida e do mundo pra uma revista de uma mulher que é muito minha amiga, a Joyce Pascowitch. Ela é amiga minha de mais de dez anos, então não tinha porque não falar com uma mulher da minha idade, ainda mais porque eu sei que o contexto ia estar dentro do que eu falei. Então eu não esperava essa repercussão, eu tomei um susto. Mas acabei achando graça porque eu não esperava. Eu não sei nem se a Gal acha alguma coisa, ficam falando, mas ninguém sabe se disse mesmo. É tanta loucura e eu não fiz nada, eu só dei uma entrevista, e eu não falei com ninguém, não fui atrás de ninguém.

TEMMAIS: Como é sua relação com a internet?

Marina Lima: A globalização encurtou distâncias. A internet é muito interessante, não tem como ignorar isso. O meu site é uma coisa minha, é um lugar sobre mim. Eu coloco o que eu quero mostrar, fotos de shows, algumas coisas da intimidade e pensamentos de coisas que quero postar. Então tem um blog onde eu escrevo duas vezes por semana sobre assuntos que me interessam. É uma ferramenta de comunicação maravilhosa e direta.

TEMMAIS: Você está escrevendo um livro. Como surgiu isso?

Marina Lima: Eu tenho uma empresária que tem uma editora chamada Língua Geral, ela é recente no Brasil e trabalha com autores de língua portuguesa. Então ela me propôs fazer um livro, não é uma biografia, ou um livro de auto-ajuda, é um pouco sobre mim, chama-se “Marina entre as coisas”. É um livro sobre impressões que eu tenho, sobre assuntos que me interessam, que eu gosto, que eu quero falar sobre.

TEMMAIS: Quando será o lançamento?

Marina Lima: O livro vai ser lançado no primeiro trimestre de 2009 e vou falar sobre coisas que me interessam como música e coisas que me fazem rir. Eu tenho também um novo trabalho previsto para ano que vem, um disco. Como a minha expressão é música, o que eu mais sinto falta de fazer é o disco, o disco é minha matéria-prima de tudo.

Fonte: http://www.temmais.com