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Vídeo do Fernando

Fernando, o Wallace me enviou o link do video que vc postou no youtube…adorei! Achei carinhoso e comovente. Muito bacana receber gestos assim, em momentos de turbulência…totalmente inusitado.

Valeu querido.

essa letra que posto aqui é p/ todos que estão no vídeo comigo— e p/ os que ainda virão.

Beijo grande.

Marina

“““““““““““““““““““““““““““““““`

Acho que dá    (Marina Lima/ Tavinho Paes)

Eu vou ver se tomo conta de mim bem

Aqui não é o mundo de Adão

Volta e meia aqui tudo pifa

É tempo, grana, amor, avião

Então me bate aquele medo

Solidão , um down geral

Mas tendo os meus amigos por perto

Eu acho que não fica tão mal

Ah, só quero achar

Que vai dar

Ah! só quero achar que vai dar

Periga uma blitz na esquina

Caretas marcam sob pressão

E a gente sempre com tudo em cima

O céu, a terra, a vida, a visão

Só quero mesmo que o meu desejo

Saiba sempre enlouquecer

E a calma situando os meus medos

Assim acho que dá pra vencer

Ah, só quero achar

Que vai dar

Ah! só quero achar

que vai dar

“““““““““““““““““““““““““““““““““““

?!

Sinceramente, não imaginava uma repercussão dessas. Acho uma loucura que essa entrevista tenha tomado essa proporção toda. Isso só me confirma o quão retrógrado está tudo, justamente quando o mundo briga e clama por mudanças… Chega a ser ridículo. Falei da Gal p/ fazer um contraponto com o que vivi (sem interferência da minha família) e a caretice que esses pais demonstram ao tentarem aprisionar e chantagear seus filhos. O carinho e respeito que tenho pela Gal são imensos —- nem adianta tentarem deturpar que não cola. Raramente cito nomes: a Gal foi citada por tudo de bacana que representou p/ a minha formação. E ponto final.

Tb quero deixar claro que não tenho absolutamente nada contra quem nasce no interior ou em qualquer lugar que seja; o que me espanta são pessoas que não querem evoluir e usam a grana p/ ditar e cagar regras, como se fossem xerifes… e nesse caso, especificamente, elas são do interior e escolheram São Paulo p/ morar. Outra coisa: a jornalista erra ao imaginar que estou “inconformada” pois a “relação” não foi adiante — Não é isso. Fico inconformada ao ver pessoas jovens, bacanas, serem tão aprisionadas pelos pais. Isso sim, mexe comigo. Por ser famosa e atrair muita gente, volta e meia me deparo com esse tipo de situação — e isso me preocupa.

Deu p/ entender?

beijo.

Marina

ps: Yes We Can.

Marina quer casar

Nesta entrevista exclusiva, a cantora dispara contra as famílias conservadoras que impedem suas filhas de experimentar o sexo entre mulheres, fala de sua primeira transa gay, de música, do lançamento de seu primeiro livro e do desejo de encontrar uma companheira, ou um companheiro, para compartilhar o seu mundo
Por Vanessa Cabral    Fotos João Wainer

Entre uma coisa e outra, Marina Lima escreve artigos. Sobre assuntos que considera importantes. Sobre música, romance, sexo e mulheres. Sobre coisas que a façam rir. Em março do ano que vem, chega às livrarias do Brasil e de Portugal seu primeiro livro. Uma coletânea desses artigos, todos inéditos, costurados com entrevistas bombásticas (e sérias) que deu ao longo de seus quase 30 anos de carreira. Será publicado pela editora Língua Geral, especializada em autores da língua portuguesa para países que falam esse idioma. Marina escreve – orientada pelo professor Fernando Muniz e sua empresária Connie Lopes (dona da editora no Brasil) – no tom contundente das letras de suas músicas e de suas falas. Como as que proferiu nesta entrevista, em São Paulo, na Casa Glamurama.
Com uma certa timidez, que revela a menina que ainda é, e a sensualidade de mulher madura, Marina posou para o fotógrafo João Wainer. Entre as poses, falava. Gosta de conversar, de dar gargalhadas. Não fala explicitamente, mas sabemos que, apesar do bom humor, anda inconformada: recentemente se viu envolvida com uma mulher mais jovem, mas a relação não foi para a frente. A família da tal jovem, uma das mais tradicionais da capital paulista, pressionou para o fim do romance. “Não quero mais aventura. Sou muito aberta a tudo, mas não cabe mais na minha vida coisas que vão me fazer infeliz”, lamenta.
Aos 53 anos, Marina se diz mais leve, relaxada, sem tantos medos. Livre dos tenebrosos tempos que sofreu de profunda depressão e culminou com a perda da voz. Um golpe duro para uma cantora. “A idade nos ensina que o tempo é curto, não tenho mais tempo a perder”, ela ri. Solta aquela sua gargalhada típica, aberta, da garganta. “Eu quero casar”, dispara. “Chega de saber tanto e não ter com quem compartilhar”, poetiza. “Quero alguém que veja a minha alma e goste de mim como eu sou”, diz ela, que não pára e parece ter uma energia quase adolescente. O.k. Marina, nós entendemos. É tanto amor que não cabe em si. Tanto que está compondo muito para o próximo CD, previsto para o primeiro semestre de 2009. E diz que as novas canções virão cheias de “metáforas inteligentes” para mexer com a cabeça de todo mundo.
J.P: Por que você acha os paulistas mais caretas do que os republicanos (nos Estados Unidos)?
Marina Lima:(risos) Há anos eu quero morar em São Paulo, porque eu adoro esta cidade, mas não consigo. São Paulo tem de tudo: indústria, show, moda, se ganha muito dinheiro e se conhece gente que trabalha para crescer e mudar a imagem do Brasil. Isso me atrai. Mas tem um lado que puxa esta cidade para trás. São essas pessoas que vêm do interior do país e mantêm aquela mentalidade careta e conservadora.
J.P: De quem você está falando?
ML: Dessas pessoas que têm muita grana de família e são muito respeitadas por isso. Porque, em São Paulo, ter dinheiro é ter poder. E elas têm filhos, netos, que nasceram num mundo diferente do delas, que não nasceram lá em Goiás, no interior de Minas Gerais ou no interior de São Paulo. São pessoas que estudaram, viajam muito, que cresceram no mundo de hoje. E o mundo hoje mudou. Sexo hoje é diferente, a moral é diferente, entende? As coisas são mais naturais hoje em dia. Mas não para esse pessoal enraizado no interior do Brasil.
J.P: Você acha que atrasam a mentalidade do país?
ML: Atrasam. Por causa dessa mentalidade antiga, careta, várias coisas que tem no primeiro mundo não tem aqui.
J.P: Como o quê?
ML: Permite-se casamento entre pessoas do mesmo sexo na Holanda e na Espanha, por exemplo. [Barack] Obama é a favor disso nos Estados Unidos. E no Brasil, em São Paulo, as pessoas parecem que votariam no Bush se pudessem. Como São Paulo é um lugar que agrega gente do Brasil inteiro, tem famílias de muito dinheiro morando aqui, mas que pensam como no século passado. E reprimem seus filhos e netos, que são pessoas que nasceram no mundo moderno e estão a fim de experimentar a vida da cidade grande, mas os pais e os avós não deixam. E qual é a moeda? É o dinheiro. Se você for livre, eu tiro o seu dinheiro.
J.P: Você fala de chantagem? Se a filha ou o filho quiser ter uma transa homossexual cortam a mesada?
ML: Volta e meia, vejo isso. Acontece que eu, por ser famosa, atraio tudo que é tipo de pessoa. E o meu trabalho atrai muita gente jovem. Então eu conheço pessoas em São Paulo ótimas, talentosas, ligadas à moda e à cultura, e volta e meia percebo que as famílias as puxam para trás. E causam uma infelicidade enorme, porque esses jovens, que vão a Londres, a Nova York, em São Paulo têm de ficar se segurando porque a família exige um comportamento do interior de não sei onde.
J.P: E no Rio, é diferente?
ML: É bem mais liberal. Lá o dinheiro tem menos valor. No Rio, se tem outros interesses, a grana não é tão importante. Coisas belas são mais. São Paulo reúne os dois, mas tem gente que vive aqui achando que está na roça. O mundo mudou. São Paulo é uma representação do Primeiro Mundo no Brasil. Então, seria importante a mentalidade também mudar.
J.P: Mas não é papel dos jovens enfrentar e derrubar padrões conservadores?
ML: Pois é, o que eu percebo aqui é que o dinheiro tem um valor enorme. Se for experimentar aquilo ali, eu tiro o dinheiro. E os jovens se prendem a isso. A minha adolescência foi nos anos 70, uma época de valores bem diferentes. Dinheiro era uma conseqüência. Hoje, tudo é mais plástico, careta e hostil.
J.P: Mas os tais jovens compactuam quando cedem à chantagem financeira, não?
ML: Para você ver como o dinheiro tem uma importância enorme, né? Se uma garota de 25, 30 anos quer transar com mulher, qual é o problema? Meu Deus do céu! Por que isso ameaça tanto?
J.P: O que você acha que eles temem? A maioria não admite ver a filha com outra mulher?
ML: É o medo diante do que os outros vão pensar. O mundo está em outra e esses caretas se dão ao trabalho de tentar sustentar uma mentalidade já falida. Você pode ser ladrão, escroto, mas se tem uma imagem, tudo bem. E não é mais por aí. Os valores humanos têm de ter importância. Eu sou filha de nordestinos e meus pais eram muito respeitosos. Meu pai [Ewaldo Correia Lima] era um intelectual, ético, um homem de valores. Se os filhos quisessem ser assim ou assado, desde que fossem corretos, ele era incapaz de se meter. Essas pessoas têm muita grana, mas não têm um senso muito claro do que é ética. Até que ponto você pode se meter na vida do outro, na vida do próprio filho. Tem limite. Até os animais têm de ser respeitados, entendeu?
J.P: Marina Lima quer casar?
ML:(risos) Já morei junto três vezes. (pausa) Na realidade, é assim: Fiz 53 anos e muitas coisas na minha vida não cabem mais. Não cabe mais drama, não cabe mais coisas que vão me trazer infelicidade. Eu quero que as relações durem mais. Não estou atrás de aventura. Sou aberta para qualquer coisa, mas eu queria realmente encontrar um companheiro ou uma companheira para dividir as coisas que eu sei, para compartilhar o meu mundo, de uma maneira mais madura, adulta.
J.P: O compromisso de acertar não dá mais medo de errar?
ML: Quando se está mais velho, você se conhece melhor e já sabe o que quer. Não tem medo.
J.P: Você já disse uma vez que era pansexual.
ML: Não (risos), foi a Joyce que disse que eu era pan. Eu disse que transava com mulheres e com homens. Mais com mulheres. Eu não transo muito na realidade. A imagem que eu passo é de uma pessoa que faz [tem relações sexuais com] todo mundo e, na realidade, eu não transei com muita gente. Gosto de transar com amor. As mulheres não dividem sexo e amor.
J.P: Mulher gosta de romance.
ML: É, homem vai a uma sauna, bota tudo para fora e escolhe a mulher certa com quem ele quer ficar. A mulher se confunde toda.
J.P: Duas mulheres juntas não é muita encrenca?
ML: Conheço casais héteros que só faltam se matar (risos). As pessoas têm de pensar o seguinte: Qual é o problema de realizar as fantasias se na imaginação já se pensa tanto? Tem um abismo entre o que você pensa e o que você realiza. As pessoas imaginam loucuras, mas por preconceito têm medo de experimentar. Ninguém é obrigado a fazer nada, mas deixa quem quiser fazer.
J.P: Por que você gosta mais de mulher?
ML: Tenho mais facilidade de me relacionar com mulheres. Eu me sinto mais à vontade com uma mulher. Com homem, é mais complicado.
J.P: Por quê? Os homens a assustam?
ML: Porque somos muito diferentes. Uma mulher é um bicho de sete cabeças para qualquer homem; sendo uma mulher famosa é mais. Uma mulher famosa tida como bissexual mais ainda. E eu imagino que os homens têm uma idéia de mim de que eu sou muito desinibida. E eu não sou.
J.P: Mas você é tímida?
ML: Não sou tímida, mas quando procuro um homem é porque quero ser a mulher dele. E eles imaginam que eu vá comê-los. Quando eu tinha 24, 25 anos, namorei um cara lindo da sociedade carioca, um pão (risos). Ele me lembrava o meu irmão Beto: moreno, alto, bonito. Eu fui de coração aberto. Não era mais uma adolescente, mas senti uma paixão intensa, como se tivesse encontrado um príncipe. Transei com ele, mas eu não tinha muita experiência, e fiquei muito magoada porque ele contou para todos os amigos. Aquilo foi um choque para mim, porque eu estava apaixonada e queria aprender com ele. Foi uma decepção enorme. Então, com homem, sou muito seletiva mesmo. E tem de ser bonito (risos). Estou brincando, mas tem de ter charme e ser um homem no qual eu possa confiar.
J.P: Mulher é mais confiável?
ML: Eu tenho mais prática nisso (risos). Não vejo a mulher como uma competidora. E, com homem, eu tenho mais pudor.
J.P: Desde criança?
ML: O primeiro homem por quem eu me apaixonei foi um primo, filho do irmão do meu pai, chamado Ewaldo, o mesmo nome do meu pai. Coisa mais óbvia (risos). Eu fui apaixonada pelo Ewaldo dos 12 aos 16 anos, mas depois fiquei muito ligada à música. E lembro que eu vi uma vez a Gal [Costa] no programa do Chacrinha. A Gal com cabelo crespo, e o meu cabelo era crespo também. Ela estava com uma guitarra e cheia de anéis. E eu tinha vindo de fora, morei dos 5 aos 12 anos nos Estados Unidos, e nunca fui ligada a raízes, sempre fui mais internacional. Então, quando eu vi aquela imagem da Gal, pensei: Ah! É possível isso no Brasil. Eu tocava violão muito bem, queria trabalhar com música, mas não conseguia achar uma expressão cultural popular com a qual eu me identificasse aqui no Brasil. Quando vi a Gal no Chacrinha, vi que existia espaço para isso aqui. Fiquei louca pela Gal. Um tio meu da Bahia me levou a um show dela e eu fiquei muito fã. Passaram alguns anos e eu ouvi falar que Gal era gay. Foi um choque para mim. Um choque! Eu não estava nesse mundo. Eu namorava o Ewaldo, não estava nem imaginando isso. Aí eu soube que essa mulher, que era meu grande ídolo, transava com mulher. Foi um choque, mas aquilo abriu uma porta para mim. Até que, enfim, eu conheci a Gal. Eu tinha 16, 17 anos, e ela começou a brincar de sedução comigo. Fiquei em pânico e voltei para os Estados Unidos. Fui estudar música para ficar longe e não ter de lidar com aquilo, para poder pensar. Sou virginiana, eu gosto de pensar sobre as coisas e entendê-las. Aí, lá fora, eu vi que eu queria experimentar, e que a pessoa que eu queria era ela. Voltei para o Brasil, com uma fita e assinei um contrato com a Warner aos 17 anos. E me aproximei da Gal e acabei transando com ela. Foi muito importante para mim.
J.P: E os seus pais?
ML: Minha mãe conversou comigo, mas meu pai nunca falou sobre isso. E ele era um homem muito exigente, com ética, moral. A turma do meu pai era Maria da Conceição Tavares, Celso Furtado, meu padrinho Hélio Jaguaribe, pessoas muito importantes para a história do Brasil. Ele tinha uma ética: Se você botou filho no mundo tem de dar um embasamento para ele poder engatinhar e descobrir o lugar dele. E não ficar usando o dinheiro para controlar os filhos, como essas famílias aqui em São Paulo fazem. Coisa suja comprar a própria filha. A Gal foi muito importante para mim porque me mostrou um outro horizonte. E me sinto em vantagem por isso.
J.P: Como é o amor no século 21?
ML: Uma grande confusão. Seria bom as pessoas terem menos medo umas das outras.
J.P: Mudando de assunto, o que você ouve?
ML: De tudo e muitas vezes, nada. Como eu tenho um ouvido doente, que ouve freqüências que ninguém ouve, valorizo demais o silêncio. Essa coisa de trilha sonora para tudo, eu não agüento. Às vezes prefiro os ruídos do mundo.
J.P: Mas quem são os seus eleitos?
ML: Nirvana mudou a minha relação com o rock. Estava muito cansada de rock, achando uma coisa chata, de gente branca, metida a pureza, careta, sabe? A entrada do Nirvana na cena sujou o rock de novo. E, no Brasil, essa onda de samba o tempo inteiro, acho um pouco chata.
J.P: Estilo Seu Jorge, samba tipo exportação?
ML: Não, Seu Jorge eu acho bom. Ele é o Jorge Ben de hoje em dia. Não que o Jorge Ben seja antigo, mas Seu Jorge representa na cultura brasileira neste século o que Jorge Ben foi há 20 anos. Vejo Seu Jorge num lugar muito alto, tenho grande admiração pela voz dele.
J.P: Não é elitista?
ML: Acontece que a indústria musical sofreu um baque como se as bolsas todas caíssem no mundo inteiro (risos). Seu Jorge tem de procurar as pessoas que estão a fim de divulgá-lo, e o mercado de música no Brasil empobreceu muito. A política do Lula visou os menos favorecidos; com razão, é louvável isso. Mas as pessoas querem algum tipo de diversão. Então foram empurrando no mercado as piores coisas que têm para ganharem dinheiro e o mercado brasileiro de música não falir. Seu Jorge exige calma, é um Cartola, é o alto nível. Não tem um monte de Seu Jorge no Brasil. Tem um monte de gente talentosa, mas esse é um cara especial. E o mercado investe no que vende mais rápido.
J.P: Como será o primeiro livro de Marina Lima?
ML: Será lançado pela Língua Geral, editora da Connie Lopes, minha empresária, que é especializada em autores da língua portuguesa. Meu livro será lançado em março do ano que vem, aqui e em Portugal. E eu não conhecia Portugal. Conheci e fiquei fascinada. Lá eu entendi muita coisa sobre o Brasil.
J.P: O que nos diferencia de Portugal?
ML: Portugal é bacana, está no mercado europeu, mas tem um peso de país pequeno, com muito falso moralismo. Eu acho que o brasileiro não é tão assim. A gente é mais livre. A não ser essas pessoas que lidam com o poder do dinheiro como um valor único e não conseguem se misturar com o resto. É uma pena. Para elas, claro!
J.P: E o livro?
ML: Chama Marina Entre as Coisas. Estou escrevendo artigos sobre temas que eu acho importantes: música, canto, mulheres, coisas que me fazem rir. Humor é essencial. Gente sem humor está fadada a ser infeliz.
J.P: Você é bem-humorada?
ML: Eu sou (risos). Valorizo muito o sexo, porque mexe com o corpo todo, faz o sangue circular e melhora o humor. É bom, nem que seja de vez em quando.
J.P: Além da Gal, você namorou outras cantoras.
ML: Eu transei com algumas cantoras. Não é à toa aquela história do canto das sereias. O canto hipnotiza, as pessoas se apaixonam pela voz. Eu transei com algumas cantoras, mas sem dúvida a Gal foi a mais importante. É a que vale a pena falar. Foi a primeira, né?
J.P: O que a fez chorar nos últimos tempos?
ML: Salvador. Eu tenho uma ligação com Salvador, namorei algumas pessoas de lá. Quando eu falo algumas, é uma ou duas (risos). É que foi tão intenso, que parece que foram muitas. Depois, comecei a achar que tinha um conto ali, desses que você cai. É como a Madonna fala de Hollywood, que ela ama, mas que pode tragá-la de um jeito que ela não consiga mais sair
J.P: Salvador a enfeitiçou?
ML: Eu senti Salvador assim e me afastei de lá. Logo depois tive depressão e fui menos. Mas, ultimamente, tenho ido. Há dois meses, fiz um show no Bahia Café Hall e fiquei emocionada. Foi uma vitória para mim.
J.P: Voltando ao canto das sereias, como é para uma cantora ficar sem voz?
ML: Muito complicado. Minha carreira sempre foi no tempo que eu quis, do jeito que eu quis. Eu ia devagar e sempre. Quando aconteceu isso, entrei numa fenda e tive de ir ao meu subterrâneo. Tive de buscar a semente do meu dom e por que eu gostava de cantar. Foi difícil, mas entrei e saí. Minha carreira é antes e depois disso.
J.P: Você sente o peso de ter de provar a sua recuperação?
ML: Falei sobre a minha depressão para ajudar outras pessoas, porque tem gente que acha que é frescura. Mas isso é mais profundo. É a minha carreira, o meu ganha pão.
J.P: Envelhecer assusta?
ML: Não tenho grilo nenhum. Estou mais segura, mais feliz, mais relaxada, com menos medo. E com menos medo, a gente se diverte mais.

Eugénio…

Existe um poeta português contemporâneo, Eugénio De Andrade, que considero do calibre do Drummond… Extraí este poema (sem título) de seu livro “As Mãos E Os Frutos”.



Só as tuas mãos trazem os frutos.

Só elas despem a mágoa

destes olhos,

carregados de sombra e rasos de água.

Só elas são

estrelas penduradas nos meus dedos.

– Ó mãos da minha alma,

flores abertas aos meus segredos.

beijo.

Marina

:

YES WE CAN.

2 gravações de 1 obra prima

Esta canção do Cole Porter (um compositor norte americano, já falecido, comparável ao nosso Tom Jobim) me impressiona muito… é de uma delicadeza sem par com o amor— e as mudanças que ocorrem nos acordes da alma— quando estamos longe de quem amamos.

Duas interpretações diferentes para uma obra prima….linda de doer.

Everytime We Say Goodbye

Everytime we say goodbye, I die a little,
Everytime we say goodbye, I wonder why a little,
Why the gods above me, who must be in the know.
Think so little of me, they allow you to go.
When youre near, theres such an air of spring about it,
I can hear a lark somewhere, begin to sing about it,
Theres no love song finer, but how strange the change from major to
Minor,
Everytime we say goodbye.

“““““““““““““““““““““““““““““““““““““

A letra diz mais ou menos assim:

Toda vez que dizemos adeus, eu morro um pouco

Toda vez que dizemos adeus, eu penso o porquê, um pouco

Por que os Deuses acima, que devem estar a saber

Pensam tão pouco de mim — e  te deixam correr

Quando estás perto, fica um ar de primavera em tudo

Ouço a cotovia cantar , como é que fica tudo

Não há amor melhor, mas que estranho a troca de maior

p/ menor…

Toda vez que dizemos adeus.

“““““““““““““““““““““

beijo.

Marina

Poema de Alice Ruiz

meus pensamentos

cruzam os teus

como aviões no ar

 

da janela

os corações acenam

sem saber se vão voltar

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